quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Devaneios de lembranças esquecidas

Nesse verso não cabe seu nome. Pode até caber três vidas inteiras e o meu amor, mas você não. Você não cabe e pra ser sincera você nem sabe! Eu quis, como eu quis... Corri e me esbarrei em seus cadernos e fui além do que era capaz. Eu não sabia que poderia guardar em mim três invernos, sete verões, cinco primaveras e dois outonos. Eu não sabia que cabia em mim tantas músicas e memórias. Lembranças de tardes felizes, manhãs com cheiro de café e noites de abraços entrelaçados. Eu não sabia que quando você fosse embora e descesse as escadas levaria partes de mim, sonhos, futuro e talvez um pouco da minha coragem. Eu encolhi, sim eu encolhi. Eu não sabia que estava tão cheia de tanta coisa de você que não cabia nem o choro e nem o grito. Eu não sabia que dentro de você eu já não existia enquanto que em mim tudo de você, tudo de nós estava preenchendo ainda todas as linhas dos momentos, até então inesquecíveis, que ainda viveríamos. Enquanto você terminava eu ainda estava na metade. Sempre me enchendo de mais uma dose de você, pra eu não esquecer o que de doce você tinha me feito sentir. Faltou chão quando faltou a decência e respeito pela nossa história o não dizer que havia acabado me paralisou. Faltou zelo com o nosso amor, quando eu ainda sentia ciúmes de algo que nem era mais meu. Faltou tanto, faltou tudo. Eu fiquei nada. Mas percebo hoje que sua esperteza bastou para mostrar que tudo isso não passava de uma ilusão criada pelas doses diárias de você. Você me curou do vício quando sumiu. Da órbita sem pousar eu vi o jogo se desenhar. A minha vida agora é você me ensinou que a minha vida na verdade era eu e apenas eu dançando aquela música, aquela mesma que te fazia rir. A última vez que dancei essa música de nós você não estava mais na cadeira me olhando, eu demorei a perceber, mas quando abri os olhos eu estava só no quarto, na sala, na cozinha de manhã fazendo o café. Eu me tornei invisível pra você ou você nunca esteve ali? Será que tudo não passou de rasos devaneios de uma vida feliz? Será que eu confundi sonho com realidade e vontade com ter? Será que você se perdeu no caminho de volta pra casa? Se era realidade e verdade esse "ter", mesmo você, talvez encontrando o caminho de volta pra casa, devo avisar que mudei as coisas de lugar, na verdade grande parte joguei fora. Sinto muito, mas é tarde, é tarde demais! Aqui não tem toalha, lençol ou cama. Aqui não tem travesseiro, cadeira ou janta. Aqui não tem nós, não tem eu. Aqui não cabe mais você, nem seu nome, nem sua música, nem sua risada, nem a comida que você gosta, nem seu jeito de andar e muito menos seu jeito preguiçoso de me chamar pra perto. Aqui não tem vestígios de você! E se era sonho eu acordei, estou passando um café, você não quer. 

Esquecer Você!

Só mais um sozinho
Perdido em si
Rasa euforia no coração
Ah vontade de comer
Ah vontade de você
Ah vontade de te ver
Ah vinil
Ah retrato
Fuga em um balão
Açúcar sensação
Vazio
Riso
Brilho
O banco
O tanto
O Ser
Acho que acabo de esquecer você!

Para você que chegou para ser a “dona da minha cabeça”

Quando eu disse “vem andar e voa” eu fiquei tão assustada quanto você. A doce sensação de sorrir boba ao te olhar, de ficar com borboletas n...