sábado, 2 de maio de 2020

Não esfriar...

Dia lindo por aqui, tarde perfeita. Das músicas que eu gosto, não ouvi nenhuma, mas por um instante estava na janela contemplando um céu azul, aberto e sem nuvens. Aquela tarde amarelada que invade de forma poética o chão da sala, entrou aqui e me hipnotizou.
Saudade da rua, de passear. Mas o que me enche mesmo é a saudade de conversar, pegar, abraçar, olhar no olho.
Sou um animal muito estranho que pode até não reconhecer, com facilidade, a falta que sente das pessoas, mas que sempre foi mais gente que solidão, apesar de gostar tanto de ficar só, gritar pela casa fingindo que sabe cantar ou até mesmo de experimentar uma conversa rebuscada com os pássaros que comem suas bananas na mesa, sem qualquer cerimônia.
O inevitável isolamento social está também me forçando a um duro isolamento pessoal, ao mesmo passo que me afasto da sociedade esqueço uns pequenos detalhes sobre mim, volto pro eixo instantes depois e sorrio pensando no "museu de grandes novidades" que me espera e que certamente apreciarei com demasiada paciência ao ar livre, quando tudo isso passar.
Por mais que o esfriar-me seja tão apaixonante e cabível ao cenário, tenho por minha convicção arder para não apagar o brilho nos olhos, até a liberdade externa voltar.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Par ... trilhar a vida boa.


Escrevo aqui de forma desordenada o que ainda arde em mim. É um tipo de amor diferente, não o amante, mas sim o afetuoso, o carinhoso e o companheiro.  Querer estar contigo, querer ouvir sua risada e seguir para mais um café. Você pede o quente e o gelado e eu o doce e o salgado. Nas nossas diferenças encontramos o nosso equilíbrio e as palavras respeito e liberdade encontraram seu significado.
Ouço falarem sobre inicio e fim, mas eu me apego tanto ao durante, ao caminho, a estrada e tudo não faz muito sentido na minha cabeça, quando eu posso estar na estrada contigo. Os passeios, as músicas que eu não conhecia, os livros que eu nunca li e as formas mais inusitadas de dizer "te amo", você promete?
A narração de um encontro inusitado e a semelhança de almas tão colapsadas de histórias anteriores, você me ouvia e de forma tão objetiva respondia questões que eu criava de forma tão complexa. Então, como você pode simplificar as coisas dessa forma? Eu me perguntava entre olhares perplexos de admiração, o que mais tem nesse coração que você não mostra, ou mostra só que eu não vejo?
O tempo... da saudade, da troca, do durante. Desse tempo eu quero falar, não para mim, mas sim para ti, que faz morada em acontecimentos tão sutis do meu dia e que não vale qualquer vã comparação.
Eu continuo partilhando a vida boa com você, em detalhes, falando sozinha, rindo de lembranças que surgem do nada. Tudo fica mais bonito quando você está por perto, seja um perto dentro ou um perto no mesmo aqui.
Você dizia que eu era romântica e eu discordava, hoje entendo que era o "estado de poesia" que me inspirava a falar tantas coisas soltas com sentidos que nem cabia no meu entendimento. O sentir era forte e vivo, tal qual essa saudade de "à primeira vista" espalhada em bilhetinhos coloridos pela casa. Quando o olho brilhou, entendi. Não fica e nem vai embora, é o estado de poesia!
Eu gosto de sorvete, café, pôr do sol, praia, tardes, viagens, eu gosto de companhia, de estar sozinha, de assistir séries, apreciar o simples. Gosto mais de sol e você prefere chuva, eu não ousaria falar de todas as diferenças que couberam em nossa história, mas todas foram importantes para a construção de uma base onde o espaço e desejos do outro eram respeitados.
Eu entendi que o maior amor é aquele que é livre, que abre as asas e voa e você fica feliz em estar junto ou não, você só quer que a pessoa que tu amas esteja bem, isso vale mais, isso vale tanto. Tu desejas que a pessoa que caminha contigo se encontre, que se realize e que sempre siga em frente e você com tudo o que viveu, sentiu, aprendeu, apenas observa e vai olhando até a pessoa sumir no horizonte, no seu horizonte. A forma que olhamos o mundo é diferente, nossas visões não são absolutas, valores e características individuais precisam ser apreciadas como genialidades, acolhidas. Compreender razões diferentes, conservar a calma e permanecer na divisão consistente de um amor que simples, se tornou imenso, profundo e admirável.
Será que você entende tudo isso que me ensinou? Tudo isso que representou? Será que você entende a gratidão pela tua passagem na minha história? Será que tu entende que eu não quero uma vida sem tuas cores? No meio de toda essa vivência brotou o que há de mais genuíno no meu coração, o sentimento que garante todos os outros, a graciosidade de uma eterna amizade.
A gente toma o nosso café e você me fala dos seus novos planos.
Obrigada por me fazer sentir tanta coisa bonita em um mundo tão cheio de vazio e por par...trilhar a vida boa comigo!




quarta-feira, 29 de abril de 2020

Sentir, morrer e renascer. Qual superação você quer por perto?

É muito engraçado cada pessoa ter um conceito diferente para "superação de um fim de relacionamento". Mas pensemos, cada pessoa tem a sua história, suas vivências e é normal que algumas opiniões sejam diferentes. O que não é normal é alguém querer dizer-te como sentir, como sofrer, quando voltar, quando ficar, quando ir. Entenda, essa experiência é sua e apenas sua.
Tive um relacionamento bem longo, vivenciei e aprendi muitas coisas, mudei. Alguns amigos afastaram-se e eu vivi a vida da outra pessoa, aparentemente estamos fadados a ter essa experiência na vida, pelo menos uma vez.
Ao fim desse relacionamento, decidi que viveria o luto, iria esgotar tudo que pudesse permanecer em mim dessa fase. Esse negócio de "curar um amor com outro amor" sempre foi uma corda muito frágil pra mim, nunca acreditei. Sou adepta do natural, de tudo que pode acontecer naturalmente. Não vou mentir, ouvi mutos conselhos para viver alguma coisa, ainda que destruída por dentro, não pelo fim do relacionamento, mas por pensar no tempo que dediquei a tudo aquilo, isso doía. Quando você finalmente entende que na maioria das vezes você estava só, vivendo tudo aquilo sozinha e tendo que ouvir "você é a vida do nosso amor, se você desistir ele morre", então, sufocada com essa responsabilidade e me sentindo cada vez mais sozinha, eu deixei ele morrer.
Ouvir de amigos "você tem que seguir em frente" sendo que eu estava seguindo, estava respeitando o luto que merecia ser vivido daquele relacionamento que lógico, assim como muitos, não tinha sido ruim, teve um tempo que fui muito feliz e como diz o Cícero, até que "tudo foi desbotando, até desaparecer".
Eu respeitei o fim. Chorei, senti raiva, senti medo, solidão, desespero e um vazio imenso. Imagina ter que reaprender a viver sem hábitos são simples, corriqueiros. Mas eu não sucumbi, não pensei na outra parte da história e me preocupei apenas comigo. Desapego, superação, amor próprio, tudo no seu tempo voltando para o seu devido lugar. Voltei a fazer coisas minhas, redescobri tanto de mim que estar em minha companhia era sempre a melhor parte do dia, até que isso se tornou o dia inteiro. Foi uma fase de intenso aprendizado, o que eu queria e o que eu não queria era tão claro, tão evidente e tão profundo, dentro e fora de mim, que era revigorante sentir que as pessoas me enxergavam na rua e deveriam pensar "como aquela garota parece ser tão feliz e dona de si?"
Eu superei um grande amor. Me deixei sentir tudo, esgotei! Tirei tudo de mim, arranquei tudo o que um dia alojei em meu coração. Esvaziei, poderia flutuar ao invés de andar, quase voar. Estava leve e me sentia bem, conseguia ouvir o outro na mesma proporção que ouvia o meu silêncio e me sentia tão maravilhosa com isso.
Depois que tudo isso passou, eu vivi alguns encontros, uns foram inesquecíveis, outros passaram, apenas um ficou e durou, outros foram sorrisos na rua, outros uma visita, um café, um cinema. Todos vividos intensamente, porque eu tinha espaço para guardar esses encontros dentro de mim, todos significaram. Me dei conta que estava vivendo, comandando o barco, do jeito que eu sempre quis, dividindo, aprendendo e escolhendo o próximo passo de acordo com o meu coração.
Depois dessa história de superação de um grande amor eu me apaixonei de novo e foi tudo tão lindamente natural, romântico e cúmplice que se eu pudesse teria ficado e continuado. Mas, o que eu aprendi, além de me querer e me amar, foi acima de tudo respeitar o tempo, o compasso, a trilha do outro.
Sabe qual é a grande diferença entre uma superação e outra? A primeira, que doeu muito, mas esgotou qualquer vestígio em mim me ensinou algo muito além. Aprendi que a gente escolhe quem ainda queremos por perto, quem soma, quem nos faz bem. E, certamente, eu realmente não quero dividir nada do que eu conquistei, com luto, redescoberta e liberdade, com a primeira superação. Uma pessoa que tem um agradecimento pelas linhas que escreveu no meu livro, mas que se puder ficar bem longe, eu agradeço mais ainda.
Ao amor que ficou e durou, seu doce fim, o tornou digno de ser guardado. Está entre os amadurecimentos e bonitas trocas que queremos por perto, a amizade e gratidão, o brilho, o inesperado e puro amor que não precisa ir embora, que escolhemos deixar armazenadinho e para sempre vivo. Não foi ninguém que nos ensinou, isso aprendemos de dentro para fora, como sentimos e como nos permitimos sentir.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

As mãos dançam no vento, feche os olhos ...

Talvez, e apenas talvez, eu esteja com medo do que estar por vir! O desconhecido sempre me tomou por inteira, sempre me paralisou e ao mesmo tempo me instigou, me devolveu o respirar. Imagino, de uma maneira romântica, sentir-me voar em cima de uma garupa de bicicleta, de braços abertos, descendo uma ladeira, ouvindo a mesma música com quem pilota o meu destino e no fim, encontrar uma cachoeira, onde sempre idealizei o encontro com as águas. 
O olhar brilhante, encontrando-se com o sorriso, o amarelo do pôr-do-sol na pele, o qualquer coisa que tá bom, "bem bom"...eu sou romântica? Sempre achei que não! Nem de longe considero-me romântica e pra falar a verdade, não sou nem centrada, a pessoa tem que ser muito envolvente pra conseguir me tirar do eixo... e a música? Talvez "deusa do amor" ou "partilhar", talvez "desate o mundo" ou que tal "fora de mim"? 
Por entre devaneios de uma sexta-feira, final do expediente, em pleno inverno, desesperada, anseio por um verão perfeito, leve, com alguém novo ou antigamente vivo ainda em mim ... [ ... ]
É, então, você sabe andar de bicicleta?

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O que nos engole?

Estamos solitariamente sensíveis, vivendo vidas que não são nossas ou que não nos reconhecemos em tais cenários. A sociedade impõe coisas quase difíceis de fugir ou de não ser envolvidos por osmose em contextos contrários ao que acreditamos ou queremos. O que nos engole? O que nos provoca? O que nos tira do nosso eixo? O que sugere um caminho alternativo? O que nos resgata? O que nos fere? O que queremos? Estamos em um loop infinito de perguntas e aqui vai mais uma pergunta, onde estão as respostas?

Pensamentos de inverno...

Letras não musicadas de uma canção qualquer
em um dia nublado,
uma janela,
a fumaça do café,
barulhos solitários,
medos internos,
é inverno...
penso, repenso, fujo,
relembro, revivo,
re co me ço ...

Para você que chegou para ser a “dona da minha cabeça”

Quando eu disse “vem andar e voa” eu fiquei tão assustada quanto você. A doce sensação de sorrir boba ao te olhar, de ficar com borboletas n...