Hoje
está fazendo uma tarde maravilhosa por aqui. Estava eu na Universidade
resolvendo coisas da minha dissertação, a professora não pode ir e eu acabei
indo para a biblioteca, li um pouco e depois fui encontrar uma amiga. Ela
comentou uns fatos da vida amorosa dela, fatos esses interessantes por demais,
como sempre a paixão e suas loucuras.
Bem,
até aí tudo normal para um dia de segunda-feira, com tarefas e obrigações de
segunda- feira... Me despedi de minha amiga e ela seguiu para sua aula. Então
fui para o terminal pegar o ônibus, como sempre olhei para o céu, não tinha
janela e nem cortina, era um horizonte lindo de céu, mas tinha aquela nuvem
cinzenta de cada tarde aqui de Belém. Meu pensamento disse baixinho que ia
chover, mas eu não grilo com isso, pois gosto de chuva, no meu caso ela sempre
cai em boa hora. O meu trajeto inteiro fez sol, eu ouvia Karina Buhr, Zeca
Baleiro, Johnny Hooker, Vanessa da Mata e Herbert Viana, entre outros
aleatoriamente. Eu curtia minhas canções e observava as pessoas (sou viciada em
ver coisas que só eu vejo hahaha) até que faltando três paradas para eu descer
a chuva caiu.
Então,
normalmente desci do ônibus, caminhando devagar na chuva que era fina e tinha
sol, atravessei a passarela e entrei em outra rua para passar na padaria e
comprar uns pães, eu percebi que uma moça andava de sobrinha na minha frente,
depois eu passei dela e depois ela estava do outro lado da rua... Eu, amante de
chuva não estava me importando com meus sapatos vermelhos molhados ou a mochila
pesada de livros nas costas, eu estava ouvindo a música “passarinhos” da
Vanessa da Mata com o Emicida, quando de repente senti alguém se aproximar de mim
e foi aí que parou de chover... A moça da sobrinha simplesmente atravessou a
rua e colocou a sombrinha dela em cima de mim, eu tirei os fones, agradeci e
sorri pra ela. Ela quase não falava e então eu perguntei o nome dela, ela
respondeu: Karina, então eu me apresentei e perguntei você mora aqui? Ela disse
que morava na rua de baixo e eu disse que morava perto, na outra rua e que
tinha ido naquela direção só pra comprar pão.
Ela
parecia simpática, porém meio tímida porque quase não falava e eu não parava de
pensar no que estava acontecendo e no que tinha motivado tal atitude linda e
nobre, Será preocupação por eu estar me molhando? Essa atitude dela me fez
refletir tanta coisa naquele curto caminho, naqueles poucos passos que
dividimos a sombrinha e principalmente me fez lembrar uma música do Herbert
Viana que logo em seguida tocou no fone que diz assim “Vamos consertar o mundo,
vamos começar lavando os pratos, nos ajudar uns aos outros e me deixar amarrar
os seus sapatos”. Isso tudo foi bem inesperado, mas mexeu verdadeiramente com o
meu humor, com meu coração. Talvez eu não encontre mais a Karina por aí pelas minhas andanças, mas espero
que ela continue espalhando carinho a pessoas desconhecidas como ela fez
comigo e que ela saiba que essa atitude me ensinou muito, mostrou que nem tudo
está perdido e que nós não estamos perdidos. Mais uma vez OBRIGADA Karina.
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