quinta-feira, 8 de junho de 2017

Eu estive no seu universo...

Sol em gêmeos e eu me pego aqui relendo conversas em aplicativos de celular. Quis lembrar como te conheci, o que conversávamos e por que eu lembrei que hoje é seu aniversário? Eu tenho esse problema de lembrar coisas especificas de conversas esquecidas. Percebi a efemeridade permanente do que fomos e talvez ninguém, o que inclui a gente, entenda "os nós de nós" e eu afirmo que não fomos e sim SOMOS corações efêmeros entrelaçados no que foi bom e isso aumenta nossas expectativas de histórias que terminam bem, terminamos bem não foi? Aquela tarde de chuva e trânsito que me levou até aquele bar que você estava ou até mesmo aquele evento cultural que você foi na sexta e eu no sábado, ou quem sabe, tão desmedidamente a minha vontade de te encontrar por acaso nos locais que eu sei que jamais te encontraria, foram tantos desencontros que poderíamos ter nos desencontrado em um deles.
Sobre nossas conversas, aquele misto de vamos falar sobre coisas sérias tipo luta por igualdade, não comer carne, amar a natureza e política, mas me diga qual o filme mesmo que você gosta? Queria comer macarrão com molho! E porquê mesmo você não gosta das pessoas ricas? E essa igualdade empática que cultivas dentro de ti é compartilhada por tuas gentilezas ou por teus raros sorrisos na rua, afinal você mesmo me disse naquele dia que "anda com cara de poucos amigos" e que prefere animais e plantas a pessoas. Não sei ao certo o que me encantou e te fez me ganhar, não sei se foi aquela música composta por ti e que timidamente me mostrou ou o simples fato de "teu aroma de vinil" me inspirar. Lembrei de sua mudança e das coisas chatas da vida como encontrar um bom guarda-roupas, eu disse que gostava desses programas chatos e você me achou inusitada, creio que te surpreendi com outras coisas simples também, como escrever cartas e gostar tanto de chuva. Lembra do dia que conversamos sobre animes e três linhas depois falávamos de mapa astral, esse dia foi interessante para o nosso vênus compartilhado em câncer, quase todo o pouco de romantismo que temos. Você abriu as portas, me mostrou seus desenhos, dividiu segredos, falou de desafios, medos e sonhos. Seu universo era tão interessante pra mim e tão distante quanto desconhecido. Tudo era 9 versus 5 (eu era o 5, a personificação do Eduardo na música). Você me perguntou se eu gostava de animes eu disse "Dragon ball e Sakura contam?" e rimos disso... Esse foi o inicio de todo um mundo que eu tinha que desbravar. Lembra de quando você falou da jujuba? E de quando debatemos sobre a sexualidade do Yukito? [Esse dia foi bem engraçado] eu até disse: Você é uma pessoa muito linda por dentro e por fora [mesmo sendo de gêmeos] e você respondeu: Fico feliz de ter te conhecido [mesmo sendo de leão].
Falávamos sobre tudo e tudo era muito fascinante e construtivo, você me convidou para nos amarmos como somos e ficarmos bem com a gente e eu só conseguia pensar no bem que você fazia e na perplexidade de uma criança de 5 anos passeando numa galeria. Sabíamos desde o início o dia e a hora que acabaria só não imaginávamos a naturalidade que seria. E tudo durou exatamente 45 dias e veja só no que isso resultou... Conheci a arte dos zines e aprendi que "Zine é um suporte libertador" no mesmo dia que você disse que eu era "Uma flor em meio ao caos" sem qualquer ilusão, tudo o que falamos e vivemos foi real tal como aquele seu sonho sobre um festival de música em outro planeta e você perdeu a nave porque se atrasou pra chegar na plataforma e teve que esperar outra nave. Tudo era um universo equilibrado, vasto e mágico, você gostava de café e me falou sobre chás, mas quando trocávamos figurinhas sobre música perdíamos a hora e a nós mesmos, criamos pontes musicais mesmo não tendo nem de longe proximidade ou sintonia em nossas preferências musicais. Aqueles sorrisos bobos e músicas das quais nunca tinha ouvido falar, tanta particularidade que eu até me assustava com a vida sem notas de rodapé ou parênteses que eu vivia... Seus paralelos me levavam pra longe de mim e em alguns momentos quase perdi o caminho de volta. Você ainda toca? Ainda ouve Folk Rock? Country? E os raps? E as músicas de patins? (pausa para encher sua paciência com os patins).Você ainda assiste os animes bizarros de ficção científica dos anos 70? Gosta de filmes de Aliens? Seu ídolo continua sendo o Diego Sanchez? E você conseguiu rever aquela série que gostávamos? Será que você assistiu Capitão Fantástico e parou de me enrolar? Acho que essas perguntas ficarão sem respostas porque fechamos nossas portas e janelas, não podemos esquecer nossos objetivos e que a efemeridade é aquela borboleta que vive por três dias, mas não morre sem antes encantar com sua beleza alguém distraído. Como eu disse lá em cima hoje é o seu aniversário e eu LEMBREI de você, de tudo que escolhemos não viver e de toda a leveza e intensidade que não me deixa esquecer que no seu universo um dia eu fiz morada e hoje eu me permiti passear de novo por lá e eu fui de bicicleta enquanto pedalava ouvia Joan Baez.
Mas eu guardei pro final o que realmente não me deixa esquecer dos dias de aprendizado de "como ser única no mundo" o dia que você falou da poesia de Hilda Hilst, foi um "presságio" lindo!

Para você que chegou para ser a “dona da minha cabeça”

Quando eu disse “vem andar e voa” eu fiquei tão assustada quanto você. A doce sensação de sorrir boba ao te olhar, de ficar com borboletas n...