sábado, 27 de novembro de 2021

Amizade, afeto e saudade...

Nunca, em toda a minha existência, precisei tanto de amigos como nos últimos dois anos. Mas e quem não está no mesmo barco não é mesmo? Durante os meus mais de 30 anos de vida, troquei experiências com tanta gente, e o nosso caminho vai sendo trilhado dessa forma mesmo, algumas pessoas se alojam em locais especiais na gente, outras ficam pelo caminho, às vezes apenas pelo fato de nossos caminhos estarem de lados opostos, ou por estarmos dançando músicas de ritmos diferentes. E quer saber, está tudo bem? 
A normalização da saída de pessoas especiais da nossa vida tem que ser real e indolor. Compreender os rumos diferentes das pessoas e ter gratidão pela troca de experiências e ensinamentos, tem que ser leve, sem pesos.
Eu me cerco de pessoas incríveis e como diz a Vanessa da Mata “gente que vibra a favor” e também “os meus amigos eu escolho, são sócios da alegria que eu gosto de levar”. Mas às vezes os nossos amigos nos escolhem e é maravilhoso imaginar o tamanho do nosso significado na história de alguém.
Eu sempre disse que não tenho melhores amigos, mas tenho aqueles com quem divido coisas mais pessoais, tenho alguns amigos que são, praticamente, uma extensão de mim, assim como tenho outros amigos que são completamente diferentes, ausentes, distantes e mesmo assim são a minha outra metade. 
Ao longo da nossa história aprendemos tantas coisas, com tantas pessoas. Temos “tempos”, temporadas e edições com as pessoas. A nossa vida é um constante fechar e abrir ciclos e isso precisa ser saudável. De quantos amigos tu és formado? O quanto você aprendeu com as experiências ruins? E o quanto as experiências boas te transformaram?
Eu revisito cartas, mensagens, conversas e fico rindo sozinha. Penso se sou uma boa amiga, reflito se às vezes sou egoísta. Fico tentando encontrar formas de doar o melhor de mim para as pessoas que tanto amo, que são fundamentais para a minha felicidade. Meu coração é grato por cada palavra, cada visita, cada café, cada abraço, cada carinho, cada choro, cada sorriso e cada dança… Amigos são presença e ao mesmo tempo tanta saudade.
Eu sou a pessoa que sempre torce pelos que amo, eu sempre incentivo a seguirem seus sonhos e a procurarem o que lhes faz feliz, ainda que eu tenha que ficar longe. 
Não importa a distância ou o tempo, gostaria de dizer aos meus amigos que: “a sua casa ainda está aqui”. Divagando um pouco, navegando na falta que sinto de algumas pessoas, mas querendo mesmo é agradecer que todos estão bem, ou indo bem. Firmes e fortes em seus propósitos, buscando seus sonhos, meus amigos estão por aí e ainda aqui, e eu sigo abrindo novos ciclos, curtos ou não, tentando vivê-los ao máximo. Só queria abraçar cada pessoa que aflora o melhor de mim, ter um momento de conversa. Um afeto pra matar essa saudade, e quem sabe uma solidão controlada.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O impulso que vem de um mistério empolgante, me jogo?

Você já se sentiu desafiada a ponto de perder o controle? Você sabe que não está no comando, mas está tentando desesperadamente decifrar aqueles pequenos detalhes. O olhar, o toque, a solicitude, aquelas palavras meio soltas, que vem de uma aleatoriedade bem arquitetada, perguntas do mais alto teor de uma curiosidade instigante.

Nesse momento ouço Marisa Monte, depois de, desculpa a expressão, uma porrada de tempo, e até esse fato que pode parecer aleatório nesse texto, diz muito sobre mim, sobre esse momento, sobre a primavera que está vindo em minha direção, “na estrada”. 

Continuando, eu tenho escutado muito mais música que assistido séries e isso é um fato demasiadamente interessante, uma vez que eu me conheço, sei que séries são refúgios de uma realidade, e as músicas são o meu voo sem paraquedas interno. Tenho conversado com meu coração e pergunto o tempo todo: tens certeza? 

Eu sou de pausas, e pausas longas, com vírgulas, mas nem sempre. Essa influência total do meu ascendente aquário está em conflito com meu vênus em câncer, mas isso não explica toda a confusão que me inunda por dentro, bem no lugar que eu devoro, entenda, é bem assim.

Eu digo: Decifra-me! E o elástico estica, sinto que devolvo o desafio. Tem brilho nos olhos e eu sou o incrível dueto de “Via Láctea”, eu posso sentir a gota de vida, gota que é mar e que vem, diariamente transbordando meu peito. Eu estou saindo da caverna?

Eu respiro, eu sinto...

Talvez esse escrito esteja bagunçado, desalinhado, um pouco caótico, quem sabe, mas na minha cabeça começo a encontrar uma certa coerência, porém sigo me questionando sobre muitas coisas deixadas no ar. Por que eu simplesmente não paro de pensar? Surpreendentemente, essas palavras são inesperadas para mim também.

Peço desculpas por toda essa não objetividade, afinal sigo sem rumo aqui, queria apenas esvaziar, confesso, essa era a finalidade quando resolvi escrever, que noite quente.

Será que já encontrei a minha resposta? 

Então, eu me encho de coragem e convido: chega mais, me ofereça uma tortura de carinho, sei lá, bata na porta, vire do avesso completamente o meu mundo, entre!

E tudo isso, toda essa escrita vagarosa, que dobra nas esquinas do meu pensamento para dizer que sim, talvez eu esteja abrindo as janelas, colocando os tapetes no sol, mudando móveis de lugar, escrevendo... Um ato iludido e decididamente não covarde para avisar que estou saindo rumo ao desconhecido e tem uma empolgação controlada aqui gritando, me dizendo o tempo todo, aproveita esse momento e se deixe levar, volte a viver, rápido ou devagar!



sábado, 3 de abril de 2021

2020.

Chegamos em 2021 e parece que passamos por 2019 há uma década. É muito estranho pensar em tudo que poderíamos ter vivido no último ano "normal" que tivemos e que deixamos para depois. Eu lembro apenas de ter passado por 2020, chorado dia sim e dia sim, ter me preocupado com quem amo e ter continuado a trabalhar, a conversar com os amigos e a me cuidar, nesse processos esqueci de viver, sorri menos e só conseguia pensar em todas as pessoas que estavam perdendo seus entes de maneira tão devastadora. Eu senti. Não tive forças para escrever e confesso que por muito pouco perdia a esperança em dias melhores, não pela pandemia que nos abateu, mas sim pelas pessoas que estavam agindo como se nada estivesse acontecendo. O egoísmo impera, a perversão e decadência humana dando às caras na sua melhor forma. Quem, nesse período, não sentiu a sombra da insanidade tentando dominar os dias comuns? Quem não se decepcionou com pessoas queridas, por atitudes ou palavras? Eu não posso falar sobre experiências alheias, mas as minhas eu posso tentar detalhar aqui.

Tecnologia, trabalho, pessoas, amigos, família, planos e sonhos. Tudo na mais alta incerteza controladora do meu bem estar diário. A crise de ansiedade voltou, há tanto tempo eu não sentia rasgar meu peito, desde o mestrado. Insônia, gastrite nervosa, inquietação, medo, choro frequente. Meu emocional ficou abalado, mas como conversei com a psicóloga, sempre coloco as pessoas na minha frente, o medo não era por mim e sim por todos os que eu amo e que eram muito teimosos para se cuidarem. Fui chata e impaciente com eles, e eu não sou assim, não com todo mundo. Eu estava mudando, estava perdendo o controle com coisas pequenas. Queria me agarrar em alguma fé, queria ter algo para acreditar, não queria perder a poesia em mim. Mas eu estava me perdendo na desesperança e me esquecendo de continuar sonhando. O medo estava maior. E eu não aguentava mais as "lives", nem a fantasia de ter que fazer exercícios em casa, muito menos conseguia me concentrar na leitura de um livro.

Um dia eu acordei, estava de home office desde março, estava agora em meados de maio de 2020, resolvi ser grata, foquei na gratidão. Eu estava bem, minha família estava bem, meus amigos estavam bem, eu estava trabalhando, recebendo todos os meses normalmente, conseguindo arcar com os compromissos financeiros, tinha uma casa para morar e me proteger. Eu não tinha do que reclamar, então eu apenas agradeci. Agradeci a saúde e a vida de todas as pessoas que são especiais para mim, ao mesmo tempo que pedia luz e conforto para os corações daqueles que estavam chorando suas perdas.

Eu criei uma rotina em casa, eu lia, estudava inglês, geografia, história, filosofia, política e espanhol. Assistia vídeos de entrevistas e também de viagens, como eu amava assistir esses vídeos. Vi mais filmes e séries. Acordava bem antes do home office, tomava café tranquila, fazia alongamentos, ouvia músicas, fazia vídeochamada com a família e amigos sempre. Foram dias complicados e atípicos, o primeiro semestre foi um desespero total, um turbilhão de emoções dentro de mim, e não, eu fiquei ou não estou totalmente bem.

Passei pelo ano de 2020, aos poucos fui me sentindo mais confiante. Quando voltei a trabalhar presencialmente eu acordava bem, via as pessoas no ônibus, curtia o caminho e na volta pra casa conversava com o motorista de aplicativo. No fim do ano fui pra casa da minha mãe, foram dias renovadores com a família e de repente era um novo ano, com os mesmos medos, inseguranças e incertezas.

O texto me expõe de uma forma que não estou acostumada ou confortável, mas morando praticamente só, tudo o que eu quero é conversar, desabafar. Sinto tanta falta de encontrar pessoas, conversar e tomar os meus cafés, mas isso é tão pequeno quando paro para pensar. Aprendemos muitas coisas nesses tenebrosos dias, mas nada é capaz de superar o valor que demos aos nossos mais próximos e especiais seres, demos importância aos nossos sonhos e não tem como olhar de outra maneira para o tempo. Eu me pergunto todo dia, será que ainda tenho tempo? Quando é a hora certa de ter aquela tão adiada conversa? Quando é a hora de realmente sair do casulo, da zona de conforto? E aquele curso, aquela viagem, quando realmente vou arrumar tempo pra realizar o que deixo para depois? Vai ter um depois?

Dizem que o que movimenta o mundo são as perguntas e não as respostas e eu me vejo exatamente no meio de tudo isso. Ressignificar, reaprender, resistir e viver. Encontrei novos propósitos, me decepcionei com pessoas e olhei com muito mais carinho para mim. Suponho que isso tenha acontecido com muita gente, às vezes chegamos ao ápice do medo para ter coragem e assim garantir várias outras qualidades que fomos apagando em nós. Eu aprendi que a vida é tão frágil quanto nossas prioridades, ou convicções que construímos ao longo da nossa existência. Olhar para trás, fazer uma autocrítica, resetar, tirar o peso do ombro do que não precisamos mais levar conosco e entender que o futuro é e sempre foi agora. Temos que viver, acreditar em nós mesmos e seguir em frente. Fazer de tudo para doar amor, atenção e amizade às pessoas, ser gentil a todo custo, respeitar as diferenças, dar ouvidos às histórias alheias e conselhos quando nos for solicitado, abraçar com mais frequência, dizer "eu te amo" inesperadamente, ouvir mais o coração, ter como objetivo realizar, não seguindo nenhuma ordem estabelecida, apenas aproveitar as oportunidades, experimentar comidas novas, descrever experiências e aprendizados e principalmente cuidar de quem corre do nosso lado.

Sejamos fortes, persistentes e vivamos. Existir, todos existem, mas viver, poucos estão se doando tanto para a vida. O que você aprendeu com as reflexões que fez enquanto estava se sentindo solitário? De quem você sentiu mais saudade? O que você pretende fazer quando tudo isso passar?

Para você que chegou para ser a “dona da minha cabeça”

Quando eu disse “vem andar e voa” eu fiquei tão assustada quanto você. A doce sensação de sorrir boba ao te olhar, de ficar com borboletas n...