sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Das cartas que escrevo pra você antes de dormir...



            Abro a gaveta da vontade e você está lá, tomada de doce afeto sorrio a saudade que mexe com o mais veloz pensamento a percorrer um momento que ainda não existiu. Te alcanço enquanto me desfaço em trechos de músicas que guardam você como “perfume pela casa” ou um “cheiro dentro de um livro”. E mesmo que você tenha me ensinado as mais lindas poesias, a mais ardente paixão e o mais generoso amor eu ainda não sei bem o que tudo isso significa se outra pessoa tenta fazer diferente de você.
            Com você eu não caibo mais em mim, o meu eu será então todo você. Não tenho medo de cantar aqueles versos que surgiram na madrugada quando sequestrei você em meus imaginados flagras do seu olhar assustado ao me ver dobrar a esquina da rua que você passa, ao me sentir cobrir sua sombra na calçada e segurar seus olhos com minhas mãos e esperar você falar meu nome porque você sabe qual o perfume que eu estou usando.
Se você soubesse o que eu eternizo por aqui, você não demorava a chegar... Se você conseguisse assistir o filme que fiz pra gente, você saberia exatamente o que sentiu quando andou de bicicleta naquela tarde enquanto a gente desatava o mundo em poemas feitos com o barulho da gargalhada ao sujar a roupa de sorvete. Quanto ao pôr-do-sol eu também pensei nisso e adivinha a música que escolhi pra tocar no fone que dividirá nossos ouvidos enquanto nossas mãos permanecem com os dedos confusos entre si.
            Hoje eu “já não tenho medo de saber quem somos na escuridão” porque naquele dia conversamos sobre luz e eu passei a te chamar de outra forma, nem lembro mais seu nome. A casa que fizeste em mim tem uma rede na varanda e árvores ao redor, quando o vento bate ele sopra poesia no que chamam de rotina e então já não estamos mais lá. Ontem eu tive um sonho, você chegava e o abraço não tinha fim, assim como minha alma que inteira encontrava a sua, era manhã e eu estava preparando o café, nada demais nesse sonho, pois ele surge até quando estou acordada.
            Não é pela distância, pois eu te sinto tão aqui que as músicas já não cabem mais no toca fitas, no vinil ou na play list feita da falta de você, “tudo se acaba e aí crio asas e aí elas querem voar” até seu olhar, confesso até que “eu queria me enjoar de você, mas não consigo”. Você me ensinou como encontrar o amor e me mostrou onde ele mora me convidou para ficar SOL contigo e eu cantei “saiba você é meu sol”. Poetizando eu sigo por aqui, onde lembranças futuras devoram além do meu pensamento esse lugar que de uma forma tão sublime te tomou como minha janela, meu café, minha cama, meu sofá. Meio intenso, mas sentir é bom. Me espera na escada, eu tô chegando e não se assuste se da rua eu gritar seu nome, é que a saudade já está falando por mim, ou melhor, gritando. Venha “você é quem me continua” e poetiza comigo essa vontade estampada na ansiedade de te encontrar e saber como são “os dias azuis”. 

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