sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Mergulho em mim


Quando percebi estava trancada em mim. Tudo mudou e eu estava diferente. Ser extrovertida não cabia mais, estava eu completamente presa em observações diversas e reflexivas. Me fechei, tinha medo. As pessoas pareciam diferentes pra mim. Pela minha perspectiva as pessoas eram e também não eram mais. Eu parecia eu mesma só que diferente, como se eu tivesse deixado habitar em meu ser um amadurecimento implacável imposto pela vida, pelas dores, pelos pedaços arrancados. Eu quis permanecer, gostei daquele eu calado, daquele eu filtrado. Fiquei, selecionei, escolhi... E percebi o quanto temos sobras desnecessárias, o quanto nos perdemos no que não é importante ou especial. Me perguntei, por quê? 

Deixei ficar o encanto, o olhar profundo e o sorriso desconfiadamente aberto, assim como os meus braços abertos diante de tudo que poderia ser meu. Eu não estou aqui, fui passear e descobri caminhos de luz na minha alma, caminhos que eu não saberia da existência se eu não tivesse parado e mergulhado em mim. Quando você saiu eu pude 'afundar' e descobrir nos espaços vazios o quanto de alegria e amor eu poderia guardar, a possibilidade de escolher ter a felicidade e o afeto de sobra, e de dentro para fora. Dizem que a cada dez anos mudamos. Mudamos de opinião, de sonhos, desejos, ciclos de amizade e de fato isso é tão verdadeiro. 

Quando limpamos aquelas sobras desnecessárias percebemos que temos olhos serenos e honestos, cabelos leves, cabeça fria e asas nos pés. Eu tenho liberdade na alma, agora eu pulo, eu sinto uma vontade imensa de viver. Eu estou quase me reconhecendo em mim novamente, estou gostando tanto desse novo eu que habita em mim, estou leve. Estou florescendo e não me machuco nos espinhos pra isso. Eu aprendi também às vezes desviar, mas sempre enfrentar e nunca, jamais desistir. Seguindo em frente e por aqui e o caminho que diariamente construo, pacientemente, tem tanta coisa bonita!

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